Sobre la categoría Manuscrita
Repetindo o que aconteceu na edição de 2018, contamos na presente edição da Bienal com a categoria «Manuscritas», uma setorização essencial para a mostra. O continente possui forte tradição neste tipo de fontes baseadas em escritas manuais, que sempre se destacaram em edições passadas da Bienal. Além disso, recentes avanços tecnológicos significantes, como o desenvolvimento da tecnologia de lettering digital com o uso de tablets ou mesmo as soluções criativas dos recursos OpenType avançados, conferem uma nova proeminência à criação de fontes manuscritas, reforçando sua existência como categoria autêntica na Bienal e reafirmando suas próprias idiossincrasias tipográficas distintas das presentes nas fontes romanas ou experimentais.
Formais ou informais, com letras conectadas ou desconectadas, a essência das fontes manuscritas está ligada a um aspecto maleável, humano, e que visualmente se atrela à ferramenta na qual elas se inspiram: penas caligráficas chatas ou pontadas, pincéis, crayons, gizes, latas de spray, e por aí vai.
A presente seleção da categoria apresenta projetos de alta qualidade que evidenciam a expressividade e a criatividade latino americanas no segmento. Temos fontes que evocam a beleza e fluidez de formas caligráficas clássicas e floreios (Capellina, Wordless Script); fontes que esbanjam impacto e uma descomunal energia da escrita com pincel (Buddies, Pantera); fontes que assumem a difícil tarefa de emular letterings conectados ou texturizados (Sirena, Swiss Farm); fontes baseadas em letterings que imitam a escrita de maneira estilizada ou propositalmente exagerada (Germania); e por fim, fontes que flertam com o limite entre a escrita manual e uma esquematização tipográfica (Blacken, Mi Súper).
Fernando Mello
Nascido em São Paulo, Brasil, Fernando Mello é mestre com distinção pelo MA in Typeface Design da University of Reading, UK (2006-2007) e também possui os diplomas Expert Class Type Design do Plantin Institute of Typography/Museum Plantin Moretus (2013) e Type@Cooper Condensed Program (2014). Foi type designer na Fontsmith em Londres, UK de 2008 a 2019, e na Monotype em 2019-2020. Atualmente, Fernando cria tipos de varejo e customizados em seu estúdio e typefoundry Font FM, em São Paulo. Suas tipografias receberam diversos prêmios pelo mundo nos últimos 15 anos. Seu background em múltiplas áreas visuais — como arquitetura, design gráfico e ilustração — guiam sua busca pela criação de tipos e letterings que sejam inovativos e originais, e ao mesmo tempo, funcionais e bem construídos tecnicamente. Fernando acredita que o maior valor de um type designer está na habilidade de unir idéias inteligentes à precisão no design, seja para fontes texto, display ou experimentais.